Como refere aquela expressão muito usada por caçadores “Parecem tordos!!”…
Hoje chegou o 3º enxame da época ao anexo do quintal.
Mais uma garfa que ocupa um quadro completo.
Tal como qualquer apicultor, anseio sempre por grandes
enxames com a chegada da primavera, mas este ano já vou com a segunda garfa que
aparece no espaço de dois dias.
Já tinha lido alguns apicultores relatando que de facto
existem muitas garfas este ano, situação que a meu ver não tem explicação científica,
mas que pode estar eventualmente relacionada com as condições climatéricas dos
primeiros meses do ano, onde os efectivos não cresceram nas colmeias, mas assim
que surgiu o bom tempo, as colónias desataram a produzir rainhas para terem uma
“matriarca” para o bom tempo que se avizinha.
Estes pequenos enxames colocam sempre em dúvida qual o
melhor procedimento a adoptar, havendo quem os defenda e os tente desenvolver,
por oposição a outros apicultores que chegam a ignorá-los, dado que podem dar
mais trabalho, do que acrescentar valor.
No meu caso, como sou aprendiz de apicultor, tento
aproveitar todos os enxames, sejam eles pequenos ou grandes, para que possa de
futuro optar pela melhor estratégia.
Os enxames pequenos (garfas) têm desde logo um enorme
inconveniente… são poucas abelhas para colocar numa caixa normal, pelo que
preferencialmente devem ser colocados em núcleos, para que com isso possam ter
ganhos na termorregulação e possam evoluir mais depressa.
A necessidade de dispor de núcleos para aproveitar todos
os pequenos enxames, apresenta no meu caso um sério problema, já que não
disponho de tanto material que me permita esse procedimento.
O que eventualmente irei fazer é juntar estes pequenos
enxames que vão surgindo, através da técnica do jornal, para que a população vá
aumentando e se possam formar boas colónias.
Ainda assim, pretendo preservar alguns pequenos enxames
no seu estado normal, sem efectuar essa junção, para ver como evoluem, dado que
às vezes surgem boas surpresas, com rainhas super produtivas, que na junção de
dois enxames podem ser eliminadas.
Assim e para resolver a minha falta de material decidi
hoje tentar produzir um núcleo em wallmaate, para testar a minha habilidade e
instalar este pequeno enxame.
Tomada a decisão, comprei uma placa de wallmate (há quem
chame roofmate!!) na loja de materiais de construção… Passei no supermercado
chinês e comprei duas caixas de parafusos e um frasco de cola branca. Com a
compra do material gastei cerca de 8 €.
Tive de cortar a placa ao meio para caber no carro, já
que tinha 2,60 metros de comprimento.
Como não tinha as medidas de cabeça, nem no papel, tive
de puxar uma caixa para junto de mim, para ir tirando medidas e ver todos os
pormenores.
Já tinha visto algumas fotografias de apicultores que
produzem esse tipo de caixa e tentei seguir o modelo.
O desafio foi superado e consegui executar um núcleo em
wallmate, que irá servir para alojar o enxame capturado hoje, que espero seja
por curto período de tempo, dado que o mesmo será transferido para uma caixa
normal assim que tenha condições para tal situação.
Demorei cerca de uma hora e meia até que a obra estivesse pronta, tendo aproveitado para anotar todas as medidas, que serão utilizadas no futuro, facilitando bastante a operação.
Apenas uma observação, para o facto de ter comprado uma
cola branca de secagem muito lenta, que por motivos óbvios se desaconselha
vivamente. De futuro passarei a usar um silicone como elemento de ligação das
partes da peça.
Também me parece que deveria fazer alguma protecção no
local onde encaixam os quadros, já que apenas efectuei uma espécie de entalhe
para o seu assentamento, mas que poderão deixar de apresentar a esperada
funcionalidade assim que sejam propolisados e caso seja necessário utilizar o
levanta-quadros para os despegar.
Terei também que pensar num material a usar para a tampa
de agasalho, já que neste primeiro núcleo, optei por assentar directamente o
telhado nas paredes da caixa, o que também pode vir a trazer problemas futuros,
caso as abelhas decidam propolizar as juntas entre a colmeia e a cobertura.
Esta opção também inviabiliza a alimentação do núcleo, através
da colocação do vulgar alimentador, pelo que vou ter de repensar e melhorar a
parte da cobertura e aumentar o “capacete”.
Não quero ficar especialista na fabricação deste tipo de
núcleos, mas vou produzir para aí uma meia dúzia deles, para apoiar o
desenvolvimento de pequenos enxames que ainda possam surgir.
O núcleo já está ocupado pela garfa que chegou hoje, pelo
que espero em breve poder tirar as minhas conclusões sobre este tipo de
recurso.
Saudações Apícolas!!