terça-feira, 13 de novembro de 2012

XIII FÓRUM NACIONAL DE APICULTURA – LUSO 2012

REFLEXÕES

Tal como previsto no passado dia 10 de Novembro, apesar das péssimas condições climatéricas, estive no Luso para participar no XIII Fórum Nacional de Apicultura.

Confesso que ia carregado de expectativas para aquele que é considerado por muitos o evento do ano para o sector apícola, mas a realidade foi bem diferente…

Apesar de estar uma sala cheia de gente, que estimo em cerca de 300 a 350 participantes, as coisas não correram bem!

  
Começo por falar da organização do evento, que creio esteve a cargo da Federação Nacional de Apicultores Portugueses e da Associação dos Apicultores do Litoral Centro e que não me pareceu terem a capacidade para gerir um evento nacional desta grandeza, perdoem-me os responsáveis, mas há de facto coisas que não são admissíveis, que passo a explicar….

1 – INSCRIÇÕES
Havia a possibilidade de realização de inscrições antecipadas ou no próprio dia do evento, o que degenerou numa tremenda confusão no momento da recepção dos participantes, mesmo aqueles que já tinham efectuado a sua inscrição antecipadamente. Para além disso, quando se opta por deixar inscrever toda a gente e não existe limite de número de participantes, terá de se ter uma sala com capacidade suficiente, para receber todos os participantes. Neste caso houve participantes que ficaram de pé porque já não havia cadeiras disponíveis, sobretudo no ínicio dos trabalhos.

2 – LOCAL
O local escolhido para a realização do Fórum, não apresentava as condições necessárias para uma apresentação em sala. Apesar da sala ser enorme e climatizada, estava completamente lotada, mas não era um auditório, logo as pessoas estavam sentadas ao mesmo nível, não havendo uma elevação do palco suficiente para se ver a cara dos oradores ou mesmo as apresentações. Parece-me que de facto a melhor solução passaria pela realização deste tipo de actividade em espaços tipo auditório ou anfiteatro, que permitem que qualquer participante esteja num plano que permite acompanhar na plenitude as apresentações. A verdade é que de meio da sala para trás ninguém estava confortável a assistir às apresentações, tendo os participantes que se levantar das cadeiras para ver a totalidade dos diapositivos que iam sendo passados pelos oradores.

3 – MEIOS DE SUPORTE AUDIOVISUAL
Todos os meios de suporte audiovisual devem estar ligados e testados antes do evento, para que aquando do início dos trabalhos e das apresentações dos oradores não se verifiquem atrasos, o que no caso não veio a acontecer, tendo levado a um atraso de cerca de uma hora.

4 – CUMPRIMENTO DE HORÁRIOS
Como se verificaram problemas com os meios de suporte audiovisual, o programa do fórum atrasou muitíssimo, pelo que a pausa para café que estava prevista para as 11H00 só aconteceu por volta das 12H30… Logo o período do almoço que estava previsto para as 13H00 teve o seu inicio às 14H00… Tendo o restante programa deslizado para fora dos horários previstos.

5 – TEMAS ABORDADOS
Os temas que faziam parte do programa apresentavam pouco interesse para os apicultores, com excepção dos primeiros dois oradores da manhã (Dr. Miguel Vilas Boas e Manuel Izquierdo Garcia) que abordaram temas muito interessantes, respectivamente sobre produção biologia e mercado de mel em Espanha, a parte da manhã mais nada teve de interessante para os apicultores.
No período da tarde verificou-se um bom momento, com a realização da mesa redonda, mas com uma péssima moderação, onde sistematicamente a FNAP intervinha para mostrar que anda a fazer trabalho em prol dos apicultores.
A meu ver eram dispensáveis apresentações de estudos universitários, sobretudo quando ainda não estão concluídos, que apenas carecterizam algumas áreas e que nada acrescentam de conhecimento aos participantes. Não posso deixar de referir que o pior módulo foi “Água-Mel – Caracterização Qualitativa da Água-Mel para a sua valorização a nível nacional”, em que a oradora passou todo o tempo a mostrar gráficos com medições de fenóis e outras “cenas”, que levou ao quase abandono generalizado da sala.

Não posso também deixar de fazer nota sobre o jantar que a organização do evento supostamente ofereceu (a meu ver foi mais que pago!!), para cerca de 500 pessoas, que começou tardíssimo (21H30), numa tenda montada para o efeito não climatizada, onde mesmo sem comida, se batia os dentes com tanto frio!! Este jantar demorou cerca de 2 horas e meia, já que entre sentar à mesa e a chegada da sopa foi preciso esperar cerca de 40 minutos, depois da sopa (já fria!!) esperou-se mais 30 minutos para comer UM SÓ PEDAÇO de leitão frio, com umas batatas fritas de pacote e um pouco de alface e passado 1 hora passam novamente para deixar mais um pedaço de leitão, que continuava frio!!!

Inesquecível foi também o acompanhamento do jantar, ao som de fados de Coimbra, que até estava agradável, tendo a meio sido substituídos por uma bateria de Carnaval, que por pouco não ensurdeceu todos os participantes, de tão alto que estava o som e com tão má qualidade!!

Também ao nível dos restaurantes locais e próximos do local do evento, que eram hipótese para o almoço da responsabilidade dos participantes (apenas 3!!), havia longas filas, com períodos de espera intermináveis e com preços não muito convidativos!!

Em suma, esta foi uma experiência não muito agradável, tendo em conta que gorou as expectativas, mas que consumiu ainda bastantes recursos financeiros, se contabilizar o valor da inscrição, combustível, portagens e almoço.

Neste XIII Fórum Nacional de Apicultura, não se falou assim tanto de apicultura como eu esperava, quase não houve apresentações dignas de um fórum nacional e saí de lá a saber tanto quanto já sabia sobre abelhas, com excepção de uma ou outra informação que retive das duas primeiras intervenções, que de facto me fizeram reflectir sobre algumas coisas, nomeadamente na aposta na produção em modo biológico e por outro lado o peso da China no mercado mundial do mel, com preços impossíveis de bater, mas com um tipo de produção absolutamente duvidosa.

Tenho pena que a minha primeira experiência em termos de fóruns nacionais tenha sido esta, mas a verdade é que fiquei tremendamente desapontado com tudo o que vi, no entanto ficou a experiência e em futuros eventos deste tipo terei de analisar bem o programa, para ver se justifica ou não a participação em função da pertinência dos temas que irão ser abordados.

Creio que tal como eu, deve ter havido muito mais gente a sair frustrada deste evento, tendo em conta que quase metade dos participantes eram jovens, que me pareceu estarem no início da sua vida como apicultores, alguns deles com projectos aprovados pelo PRODER e outros em vias de apresentar candidaturas com vista à instalação dos seus apiários.

Fica também uma nota para a muito forte participação de apicultores algarvios que se fizeram representar no evento (apesar da distância!), bem como de outras regiões do país, onde se inclui um amigo destas “lides” que conheci por ocasião da frequência de um curso de apicultura realizado na Pampilhosa da Serra no início deste ano, que foi agradável rever.

Registei ainda uma problemática levantada no período da mesa redonda em torno da identificação geográfica de apiários, que muitos apicultores defendiam dever ser realizada, mas percebeu-se pela posição dos representantes da tutela que não se irá caminhar nesse sentido… Parece assim ficar comprometido o tão abordado tema da política de ordenamento apícola.

Fica assim o registo das principais incidências deste XIII Fórum Nacional de Apicultura, que bem gostaria tivesse sido mais proveitoso, sobretudo porque era a minha primeira experiência a este nível e também porque considero que estes eventos devem ser mais frutuosos para que se justifique a sua realização.

Saudações Apícolas!!

2 comentários:

  1. Certamente que muita gente se identifica com as suas palavras. Talvez devesse envia-las para a organização do evento, que, caso sejam pessoas de valor, as tomaram em consideração para que a realização dos próximos eventos sejam mais produtivos para todos!

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  2. Uma boa crónica e agradável de se ler!
    Miguel Maia

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